O melhor de 2011

Impossível terminar o ano sem um retrospectiva literária. 2011 foi muito produtivo pra mim: aumentei consideravelmente a biblioteca, descobri alguns novos queridinhos, escrevi algumas coisas que me deixaram feliz. Eu até ia fazer uma retrospectiva do que aconteceu no ano, do que mais vendeu, do que mais deu o que falar. Mas como eu não sei ser imparcial e quem manda aqui sou eu, deixo vocês com uma lista bem pessoal do que aconteceu pra mim no meu ano, na minha opinião, he.

NOVO QUERIDINHO: O processo – Kafka

Kafka é um problema pra mim: não falo alemão. Aí fica aquela coisa de “será que a tradução vale a pena?”. Acabei gostando bastante da tradução do Modesto Carone que encontrei, a escrita não ficou quadrada, pelo contrário (e a edição da Cia. das Letras é boa, também). Problema resolvido, gostei bastante dos labirintos da trama e me apaixonei pelo livro, tanto pelo enredo como pelo estilo.

 

DECEPÇAO: José de Alencar em geral

Escrevi aqui no blog sobre Lucíola, mas vale para tudo sobre José de Alencar. Li depois de ouvir muitas recomendações de amigos, mas não rolou. Não gosto, e pronto. E pra aumentar minha decepção, o meu post sobre Lucíola é, por algumas visualizações a mais do que um post sobre Clarice, o mais visitado do blog. E isso só porque é livro de vestibular, tsc tsc.

 

QUERO LER E NAO ACHEI: Kafka de Crumb

Passei boa parte do ano procurando essa biografia do Kafka em HQ, com ilustrações de Robert Crumb. Minha ambição por ele tem a ver com o fato de o Crumb ser simplesmente ótimo combinado com a minha crescente curiosidade pelo Kafka. Continuarei minha busca em 2012, e fica aqui o meu apelo para as livrarias: comprem mais dessa belezinha, grata desde já.

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MEU POST PREFERIDO: A metaliteratura de Antônio Xerxenesky

Eu gostei de escrever esse post porque nele estão as minhas primeiras impressões de um escritor que me deixou bastante curiosa. Areia nos Dentes está na listinha já.

 

 

 

MELHOR INVESTIMENTO: Box José Saramago da Cia. das Letras

Essa coisa linda vem com 5 livros: A Caverna, Ensaio Sobre a Lucidez, História do Cerco de Lisboa, A Jangada de Pedra e A Viagem do Elefante. E você economiza no mínimo uns cem reais, pelo que eu vi por aí.

 

 

MELHOR REVISTA LITERARIA: Macondo

Pra ser justa, eu gosto e leio outras por aí também. Em 2011 várias publicações legais surgiram. Mas a Macondo tem o meu coração (ounnn). Adoro a seleção deles.

 

 

 

E é isso. Boas festas para todos os leitores lindos e bora curtir esse clima de final de ano, que aliás é a desculpa oficial para a lerdeza do blog.  Beijos e até ano que vem.

Lucíola, de José de Alencar

E afinal de contas, que livro romântico não tem a sua cota de clichê? Eu poderia ficar aqui dissertando sobre o amor chato de Paulo e Lúcia e toda a tempestade em copo d’água da trama, mas não me adianta nada. É romance romântico, e já se sabe o que esperar; vou é falar do que diferencia essa obra e não de tudo que é igual a tantas outras.

Peguei esse livro por sugestão de uma amiga, já tinha uma ideia sobre a trama e esperava algo além de outros romances de Alencar como Diva e Senhora. A  prostituta, ainda que virgem de alma, tinha potencial para ser uma heroína romântica diferenciada, e acabei resolvendo ler, mesmo eu sendo nada alencarista. E olha, admito: tem que se dar o crédito ao autor. Mesmo na partes mais obscuras da babaquice romântica, a narrativa, cheia de técnica que é, continua indo firme e forte.

Mas me pedir pra apreciar a puritanice de Lúcia disfarçada de “ousadia” do escritor, já é difícil. Coloco ousadia entre aspas porque o enredo (pensando na época do séc. XIX, claro) só choca quando se lê a resenha de trás da capa. Após alguns capítulos, fica bem claro aonde tudo vai chegar. Lúcia é pura, religiosa, frágil, submissa. Quanto ao José de Alencar fugir de certos dogmas romantistas, pois Lúcia não é virgem e Paulo aceita se relacionar com uma mulher como ela, já vimos isso antes. Prefiro uma Aurélia, que pelo menos é forte.